Para Antônio, com carinho
Neste espaço escrevi sobre meus três leitores. E, o assunto, desta nova postagem, se relaciona com esta outra de modo bastante estreito. É o lançamento de Dias de Faulkner, de Antônio Dutra, na Maison de France, às 18: 30 deste dia.
A literatura brasileira contemporânea está sendo mapeada por inúmeros críticos e não posso deixar de apontar o engano com que estão se referindo sobre os futuros escritores – daqueles que constarão não somente nos manuais escolares, mas que persistirão no coração dos leitores. O livro de Antônio Dutra permanecerá. É discreto como seu autor, sóbrio e elegante naquilo que descreve. Possui a profundidade de análise necessária ao gênero a que pertence – a novela; respeita a elasticidade tão subestimada desse modo narrativo, parecendo mesmo constar nas páginas mais do que ali está escrito.
Nesse sentido, Antônio Dutra, em seu romance, porque é assim que chamam seu livro, isto devido ao desconhecimento da imensa maioria do gênero ou o temor por confundi-lo com a mania televisiva, se assemelha a Raduan Nassar em sua obra Copo de Cólera. No tempo certo virá a resenha, pretendo escrevê-la afastado da ternura que me envolve como o leitor ingênuo – e decerto descobrirei as mesmas coisas, mas não custa tentar resistir à elas.
Todos os críticos que apontam tendências dessa literatura contemporânea – de que faço parte – ignoram a voz sensível desse autor, reservado, que se mantém distante do epicentro das discussões nacionais a esse respeito, partilhando comigo e com Vinicius Jatobá o frango e a cerveja no Amarelinho da Glória, discutindo as realidades dos Brasis a que estamos submetidos, perplexos da imobilidade de nossa cultura, do seqüestro do pensamento nos suplementos literários e outras banalidades.
Dias de Faulkner é sereno, e, portanto perene. Vinicius Jatobá, amigo comum, dirá que não exerci direito minha visão, porque me permiti certo romantismo ao abordá-lo sem me ater as questões narrativas, como se nos desconhecêssemos. Impossível, porque minha admiração por ambos – Dutra e Jatobá – torna a severidade mais rigorosa, algo difícil de conceber – mas, se ela se apresenta vem acompanhada dos risos, piadas, trejeitos dos dois. Isso se mistura ao dito, ao entredito e ao interdito de cada palavra que arrisco sobre a ficção de cada um.
Os aspectos, sim, eu sublinho a todos com ênfase. Mas, não sei leitor, você já sentiu que está diante de um homem que sabe onde está no pavilhão da eternidade, mesmo que isso seja tolo, tenho essa impressão a respeito tanto de um quanto de outro. Às vezes a suspeita se insinua, mas quando me vejo com os dois, desaparece. Dito dessa maneira parece pretensão, mas não é.
Portanto, Antônio Dutra, o Fala, Dutra!, não ao escritor, porque esse não precisa de mim e nem de ninguém; falo ao homem a quem aperto as mãos e abraço quando encontro, ao irmão com quem comungo ideais e resmungos, belezas e cismas, a este o meu abraço e parabéns.
Se na eternidade existirem esquinas, espero topar com você por lá.
A literatura brasileira contemporânea está sendo mapeada por inúmeros críticos e não posso deixar de apontar o engano com que estão se referindo sobre os futuros escritores – daqueles que constarão não somente nos manuais escolares, mas que persistirão no coração dos leitores. O livro de Antônio Dutra permanecerá. É discreto como seu autor, sóbrio e elegante naquilo que descreve. Possui a profundidade de análise necessária ao gênero a que pertence – a novela; respeita a elasticidade tão subestimada desse modo narrativo, parecendo mesmo constar nas páginas mais do que ali está escrito.
Nesse sentido, Antônio Dutra, em seu romance, porque é assim que chamam seu livro, isto devido ao desconhecimento da imensa maioria do gênero ou o temor por confundi-lo com a mania televisiva, se assemelha a Raduan Nassar em sua obra Copo de Cólera. No tempo certo virá a resenha, pretendo escrevê-la afastado da ternura que me envolve como o leitor ingênuo – e decerto descobrirei as mesmas coisas, mas não custa tentar resistir à elas.
Todos os críticos que apontam tendências dessa literatura contemporânea – de que faço parte – ignoram a voz sensível desse autor, reservado, que se mantém distante do epicentro das discussões nacionais a esse respeito, partilhando comigo e com Vinicius Jatobá o frango e a cerveja no Amarelinho da Glória, discutindo as realidades dos Brasis a que estamos submetidos, perplexos da imobilidade de nossa cultura, do seqüestro do pensamento nos suplementos literários e outras banalidades.
Dias de Faulkner é sereno, e, portanto perene. Vinicius Jatobá, amigo comum, dirá que não exerci direito minha visão, porque me permiti certo romantismo ao abordá-lo sem me ater as questões narrativas, como se nos desconhecêssemos. Impossível, porque minha admiração por ambos – Dutra e Jatobá – torna a severidade mais rigorosa, algo difícil de conceber – mas, se ela se apresenta vem acompanhada dos risos, piadas, trejeitos dos dois. Isso se mistura ao dito, ao entredito e ao interdito de cada palavra que arrisco sobre a ficção de cada um.
Os aspectos, sim, eu sublinho a todos com ênfase. Mas, não sei leitor, você já sentiu que está diante de um homem que sabe onde está no pavilhão da eternidade, mesmo que isso seja tolo, tenho essa impressão a respeito tanto de um quanto de outro. Às vezes a suspeita se insinua, mas quando me vejo com os dois, desaparece. Dito dessa maneira parece pretensão, mas não é.
Portanto, Antônio Dutra, o Fala, Dutra!, não ao escritor, porque esse não precisa de mim e nem de ninguém; falo ao homem a quem aperto as mãos e abraço quando encontro, ao irmão com quem comungo ideais e resmungos, belezas e cismas, a este o meu abraço e parabéns.
Se na eternidade existirem esquinas, espero topar com você por lá.
Comentários
Mara Coradello
Bjs
Aurea