Minha Mãe
Minha mãe é negra. Piche, boneca de piche, isso é que ela é, destrambelhava minha avó paterna. Meu pai prestava serviço militar quando a conheceu, sem a menor cerimônia convidou para conversa; minha mãe encantada pelo aspecto do rapagão não dispensou olhares aos outros candidatos que eram do Salão do Reino, seita a que pertencia à maioria de seus familiares, inclusive meu avô sendo um manda chuva lá dentro, ápodo: ancião. Os encontros – a escapada como a mãe de minha mãe classificava as reuniões clandestinas dos dois – eram freqüentes. Não demorou a carga ser municiada pelo meu avô materno que raposa velha, sentia que a filha não afinaria se apertada, sendo pressionada para largar o latagão. Meu pai suava a camisa com as corridas que tomava dos irmãos de minha mãe. Toda vez ele fugia do confronto direto, por mais que tenha sido pugilista no regimento, com algumas medalhas e distinguido à época como um homem hábil com os punhos, mesmo sendo peso – mosca. E lá estava meu pai correndo, q...