Bruzundangas!
A paciência me permite dormir durante a longa viagem até o Rio Centro. Longe, muito longe, lá onde os escritores fundam sua cidade mítica e discutem os problemas que afligem tanto a ficção quanto a consciência que têm de estar num mundo onde a maioria das verdades está temporariamente suspensa e há um descrédito que parece permitir que tudo aconteça e que haja um novo linchamento de deus e da moral, porque a ética já vive enxovalhada.
O poeta começa timidamente a abordar os pontos que tocam sua criação, afirma que os melhores e os piores dos mundos, sem exceção, foram criados por nossa imaginação, que tudo à nossa volta é o reflexo da cultura desenvolvida pelo homem para diminuir o grau de solidão que ele enfrenta ao perceber todos os dias sua solidão na criação do universo, todo o seu desamparo. O interlocutor que não deseja participar de todo o desencanto destilado pelo poeta crê em alguma ambição maior, talvez não uma idéia de um Demiurgo platônico, mas em coisas razoáveis como a evolução e toda aquela história levantada por Einstein que se existe o relógio o relojoeiro deve estar por perto, sondando as engrenagens, pronto para os reparos emergenciais.
O comentarista, um desencantado, crê no poeta, e se firma na solidão de um homem em meio a avenidas longas e desertas e percebe que está encravado no meio de nada, naquela cidade onde resistem os escritores, que tentam vencer o avanço do deserto na alma dos homens, que impedem que cresça a falha geológica em toda a nossa história preenchendo com imaginação e o próprio corpo as partes onde há rachaduras neste edifício que é a existência.
A menina ao meu lado não se importa em se emocionar, às vezes penso o mesmo. Construo toda essa máquina de existir para evitar os choques e vejo que é impossível: a existência é como um edifício sem a porta de saída de emergência. Parece que morreremos e renasceremos nas mentiras mais bonitas contadas por todos os poetas e escritores juntos, que na urdidura deste enorme texto quer recontar ao planeta e à própria humanidade a chance mínima que temos, a pequena força motriz que nos incita a resistir: o sonho.
O poeta com as longas mechas, com os caminhos escalavrados pelo rosto antigo, parece encarnar o Tempo – súbito a sabedoria o preenche com aquilo que nos falta quando pressentimos próximo o fim: a calma que rechaça o desespero, a ordem que mantém arrumado tudo ao nosso redor e a razão que esclarecida sabe que sonhou o possível e que outros emendarão a este sonho o bocado que lhes cabe e que a cada parte somada nos tornamos talvez de alguma forma imortais.
O poeta começa timidamente a abordar os pontos que tocam sua criação, afirma que os melhores e os piores dos mundos, sem exceção, foram criados por nossa imaginação, que tudo à nossa volta é o reflexo da cultura desenvolvida pelo homem para diminuir o grau de solidão que ele enfrenta ao perceber todos os dias sua solidão na criação do universo, todo o seu desamparo. O interlocutor que não deseja participar de todo o desencanto destilado pelo poeta crê em alguma ambição maior, talvez não uma idéia de um Demiurgo platônico, mas em coisas razoáveis como a evolução e toda aquela história levantada por Einstein que se existe o relógio o relojoeiro deve estar por perto, sondando as engrenagens, pronto para os reparos emergenciais.
O comentarista, um desencantado, crê no poeta, e se firma na solidão de um homem em meio a avenidas longas e desertas e percebe que está encravado no meio de nada, naquela cidade onde resistem os escritores, que tentam vencer o avanço do deserto na alma dos homens, que impedem que cresça a falha geológica em toda a nossa história preenchendo com imaginação e o próprio corpo as partes onde há rachaduras neste edifício que é a existência.
A menina ao meu lado não se importa em se emocionar, às vezes penso o mesmo. Construo toda essa máquina de existir para evitar os choques e vejo que é impossível: a existência é como um edifício sem a porta de saída de emergência. Parece que morreremos e renasceremos nas mentiras mais bonitas contadas por todos os poetas e escritores juntos, que na urdidura deste enorme texto quer recontar ao planeta e à própria humanidade a chance mínima que temos, a pequena força motriz que nos incita a resistir: o sonho.
O poeta com as longas mechas, com os caminhos escalavrados pelo rosto antigo, parece encarnar o Tempo – súbito a sabedoria o preenche com aquilo que nos falta quando pressentimos próximo o fim: a calma que rechaça o desespero, a ordem que mantém arrumado tudo ao nosso redor e a razão que esclarecida sabe que sonhou o possível e que outros emendarão a este sonho o bocado que lhes cabe e que a cada parte somada nos tornamos talvez de alguma forma imortais.
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