OS CULPADOS SOMOS NÓS
A
eleição de um jogador a um posto como o de Pelé; A precipitação dos
comentaristas esportivos em detectar o craque e logo endeusá-lo como a
solução dos problemas do futebol brasileiro, a uniformidade aprendida
nas escolas de futebol, nivelando o talento dos atletas e o desespero
por vitórias dos técnicos que não têm a oportunidade de um trabalho
continuado nos clubes representam as causas do fracasso da Seleção
Brasileira.
O
espectador não se cansa de ver os comentaristas se excederem em jogos
de várzea, reclamando a crisma do gênio para um ou para outro jogador; a
pecha de Gérson, Toninho Cerezo ou outro qualquer meio-campista
competente para o atleta que não saiu dos cueiros. Os empresários
lobistas que alegam ser donos de Ferraris que técnicos inaptos
não sabem conduzir, quando na verdade, ambos dirigem uma Brasília ou um
Passat. Existe uma irresponsabilidade no mercado do futebol brasileiro
que lança expectativa sobre ações em crescimento no mercado.
Quando
o narrador televisivo fala que o Menino da Vila foi caçado dentro de
campo e não teve oportunidade de jogo justamente pela perseguição da
marcação adversária; ele, o comentarista esportivo, deveria afirmar que é
assim mesmo, zagueiro não foi criado para deixar um bom jogador à
vontade em sua área, ele é feito para marcar. O que não pode é o jogador
excepcional aceitar a marcação. E se é excepcional, não se deixa
marcar. Não se pode comparar com Pelé ou Coutinho ou Gérson jogadores
que não possuem a competência que esses atletas possuíam. É um erro que
pode não ajudar ao aperfeiçoamento do jogador que irá se julgar pronto. E
quando um teste verdadeiramente desafiador se apresentar, fatalmente o
fracasso estará junto de suas chuteiras.
Os
técnicos deveriam agir como Muricy Ramalho está fazendo no time do
Santos. Os clubes deveriam permitir a permanência maior dos técnicos em
seus clubes e não despachá-los quando não atingem os níveis de produção
exigidos como operários em uma fábrica ou gerente de banco que tem que
bater cota todo o fim de mês.
Neymar
precisa jogar fora do país em times como o Barcelona ou o Real Madrid
para enfrentar a marcação leal e dura de bons zagueiros e volantes.
Disso derivará seu aprendizado para escapar dos marcadores, driblá-los
ou se render à força que possuem, impedindo-o de atuar. Se contra times
que não ocupam um bom lugar no ranking da FIFA tem dificuldade em jogar,
sair da marcação... Só jogando contra adversários livres da coerção
psicológica da publicidade em torno de seu nome, Neymar adequará a
criatividade à objetividade, encontrará seu ritmo de jogo, auxiliado por
olhos treinados como os de Muricy ou de um Guardiola. Caso contrário se
dará aquilo que assistimos contra o México.
Os
comentaristas e cronistas esportivos devem parar com o bordão “o melhor
jogador em atividade no Brasil”...E o mais prejudicial é o método pavolviano
envolvido como estímulo do jogador que, certamente trará muitas
surpresas, mas, por enquanto, acumula quilometragem, como costumam
também afirmar os especialistas, são equivocados. O jogador é um artista
das quatro linhas. Deve comportar-se como um, contentar-se em pintar
com as melhores cores de sua paleta sua obra. Sua única ambição deveria
ser a perfeição e não o jatinho que o espera se atingir a meta de gols
combinada. É uma mentalidade como essa economicista apenas que leva a
derrocada o futebol arte. Como se Vincent Van Gogh se transformasse em
um artista de massa e iniciasse seu trabalho apenas mediante uma boa
soma em ouro e não pelo prazer que possuía em fixar a beleza.
Como
Neymar é o jogador em mais evidência sobrou para ele a maioria das
observações, no entanto, não é o único caso. Não estão prontos Oscar,
Lucas ou Ganso como muitos outros dados como craques sem o
amadurecimento devido. É certo que têm um futuro brilhante, mas é
necessário o trabalho para que ele aconteça. É preciso observação,
planejamento e dedicação tanto de técnicos quando de jogadores e a
avaliação sem oba-oba dos profissionais do esporte quanto ao desempenho
dos atletas - sem deslumbre ou desespero - para que resultados como esse
do jogo contra o México não surpreendam.
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