Metade

I

Metade de nós está no presente
A outra permanece invisível no tempo;
Parte de nossa carne, poeira e vento
E a outra passa incólume a tempestade.

Metade atravessa o vale do esquecimento
Enquanto a outra arde em saudade,
Da parte que cai no desaparecimento -
Uma nuvem de areia sobre a cidade.

Uma parte de nós é constância
Enquanto a outra, substância volátil;
Que fundida ao infinito do espaço
Alerta-nos de nosso breve trânsito.

Tudo ao redor é limitado
A alma flui para todos os lados.
Metade de nós está no passado
Repousa na origem dos tempos,
A outra se esvai como a sombra...

Ó Allah, ensina-me o segredo do silêncio
Permita-me aceitar a minha morte,
Qual o truque de um mágico
Que me guardasse junto das coisas eternas.

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