Minha preocupação com o Brasil
O meio de campo da seleção brasileira não deve contar mais com Ronaldinho Gaúcho. Os motivos são óbvios, contudo não custa enumerá-los: apatia, passes errados e nenhuma criatividade nas armações. A vez, se Mano Menezes não fosse teimoso, seria de Kaká, meia-atacante no Real Madrid, que se não tem feito partidas impecáveis à altura do futebol que já praticara, conserva aquilo que lhe restou com cuidado, procurando resgatar a si mesmo como jogador. Cava sua nova oportunidade no escrete de Mano Menezes, que se depois da última atuação de Ronaldinho Gaúcho contra a Bósnia não sacar do meio de campo o ídolo flamenguista, podemos dar adeus a qualquer esperança de êxito - mesmo em campeonatos de várzea.
Não faltam jogadores brasileiros talentosos que atuam tanto dentro quanto fora do Brasil. Parece-me que a maneira de arranjá-los em campo é que se mostra deficiente, porque não permite que o jogador fique à vontade na posição em que joga. Na seleção alguns jogadores são adaptados a posições em que habitualmente não atuam em seus clubes e vê-los jogar dessa maneira é tê-los presos a botas ortopédicas que lhe dificultam em muito o bom desempenho, a interação e a criatividade. Mano Menezes, atento ao que se diz de suas decisões, notará que seu projeto para Ronaldinho Gaúcho precisa ser abortado imediatamente para uma reestruturação do meio de campo urgente da seleção brasileira. Imaginemos se um jogador como Neymar tivesse à sua disposição outro meia-armador para servir-lhe as jogadas? Se Kaká dividisse com Ganso e com outro jogador de igual talento a responsabilidade de criação de jogadas? O Brasil seria outro fatalmente.
Não posso determinar se a culpa de tudo isso é do técnico somente. Hoje Muricy Ramalho enxerga que Ganso deve atuar por todo o meio de campo, abandonado a exigência de que ele faça gols, penetre mais na área. Uma evolução sem dúvida que não põe em risco a descaracterização de um excelente jogador que aos poucos recupera sua confiança para jogar, apoiado pelas atitudes coerentes do técnico de seu time que sabe qual é seu papel: permitir ao jogador o máximo de espontaneidade naquilo que foi planejado como estratégia de jogo, não violentá-lo com movimentações que não condizem com suas características. Talvez por essa clarividência Muricy Ramalho seja tão exaltado e tenha conseguido tanto sucesso como treinador.
O técnico da seleção brasileira deveria aprender com esse exemplo. Entretanto, alguma coisa me diz que Mano Menezes anda às avessas com conselhos semelhantes e prefere investir em seus próprios erros para aprender com eles. A minha pergunta é se temos todo esse tempo.
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