A Nova Ordem

O avanço dos movimentos para legalização das drogas é a vanguarda mais bonita. Porque se quisermos saber os principais responsáveis pelo procedimento para a encampação destes ideais, não poderemos nos voltar para os intelectuais que fumam seu baseado e escrevem teses sociológicas sobre os bandidos românticos. Estes, não. Porque, como um deles me confidenciou: ”Façam a revolução, mas não tirem o meu leitinho”. Mas, emendou a isto um lamento: ”Não gosto mais desta rapaziada que está aí. Tudo pobre, preto, desclassificado. Antes havia certa subjetividade, não era somente um negócio sujo, saca? Agora estes caras são as bestas da objetividade, tão mercenários quanto qualquer Onassis. É melhor meu pai controlando isto do que esses zé manés”.


Então, este grupo, alvo das teses de sociologia e antropologia, os bandidos retratados em Cidade de Deus, desceram ao nível dos capitalistas mais sujos e o milagre se fez: a desilusão de que seria uma alternativa ao sistema. Não, mais nocivos, entendidos como perigosos para os carros importados e mansões, para a integridade física dos emergentes e sabido que se está que muitos dos consumidores potenciais estão entre a classe média – estes resolveram se mobilizar para a descriminalização das drogas. Os principais responsáveis são os traficantes. E com isto haverá a revolta da banda podre da polícia que complementa salário com as propinas recebidas das mãos de traficantes, todo o esquema federal que se lucrava o triplo sem a coisa toda estar legalizada se rebelará quando for batido o martelo e a decisão tomada, terá que se contentar com a micharia que renderá o comércio ilícito de doses maiores para eventuais gulosos milionários. E os traficantes? Terão que procurar outro ramo. Talvez se integrem ao esquema de segurança privada tão caro ao Rio de Janeiro que têm ruas particulares, condomínios particulares e logo será uma cidade também s/a. Talvez virem faxineiros desta merda arquitetada,conduzida e consolidada por eles, lamentará o policial corrupto que rirá quando passar pela orla de uma praia da zona sul e ver o antigo chefão de um quartel qualquer, limpando as merdas dos cachorrinhos das madames.


Quando percebo que um jovem da zona sul arrendou bocas de fumo, que Fernando Henrique Cardoso está em fóruns se posicionando a favor da liberação, pressinto que um fim está próximo para esta massa falida do tráfico no Rio de Janeiro. Os traficantes foram usados até que não tivessem mais nenhuma serventia para o sistema legal. Porque quando eram arrivistas, colocavam bombas em prédios, atacavam mansões para seqüestro, justificavam o caro sistema de segurança privada, todo o aparato para manter o cidadão tranqüilo nas ruas, a política de bang – bang de alguns secretários de justiça. Entretanto, estão morrendo jovens demais, incomoda o ricaço turista que compra casa no Vidigal ver tanto preto armado, tanto tiroteio diante da casa de praia com visão paradisíaca e nenhum deles é um Che Guevara ou um Tupac Amaru ou mesmo um simplório Chavez ou Chaves mesmo do seriado com que se possa divertir com as idéias amalucadas e produzir documentários interessantes, revelando o potencial humanitário da classe média.


Portanto, traficantes é por vocês que a classe média quer a liberação das drogas. Vocês não farão a coisa lucrar como deveriam. Desperdiçam com piranhas, com esconderijos luxuosos, viagens para paraísos tropicais que pertencem a turistas e a putaria oficializada. Não sabem o seu lugar, um sargento desta banda podre diria. Como não sabem se comportar, andarem esfarrapados, terem um discurso diferente dos pit-bulls com pós – graduação, mestrado e o cassete a quatro em Harvards ou Puc’s da vida, terão que perder o leitinho das crianças. A classe média está agradecida a vocês. Fizeram filmes, documentários e catalogaram os tipos como em um compêndio lombrosiano. Isto servirá para o futuro. Os museus irão expor os artefatos deste tipo de vida bandida. Os donos do poder estarão fumando seus charutos, dizendo “Como foi que entregamos a estes merdas tanto dinheiro? O outro janota responderá simplesmente – “Era um modo de divertido de assistir faroeste, ou não? E já estava triste ver os meninos morrendo por causa de uma bagana”/ “Você lembra como era o Vidigal e Rocinha?”/ “Lembro. Mas agora é bem melhor com a rede de hotéis, cassinos e restaurantes” /“Você sabe para onde a pobralhada se foi?”/”Não sei, não quero saber, tenho raiva de quem sabe”.

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