Franklin Jorge e John Fante

Franklin Jorge deu seu parecer sobre meu livro em seu site. Reproduzo abaixo as novidades e muito obrigado por suas palavras.


FICCIONISTA EM GRANDE ESTILO
14 de fevereiro de 2009

Por Franklin Jorge

As letras acabaram de ganhar na pessoa do carioca Mariel Reis um contista inovador, metaficcionial, e cheio de bossa. Decididamente agraciado de talento e de uma maneira muito própria de exprimir-se e contar histórias que fogem à linearidade dos relatos convencionais.

“John Fante trabalha no Esquimó” [Editora Calibán, Rio, 2008], apesar do titulo infeliz ou descuidado, proporciona aos leitores mais exigentes a descoberta de um autor que tem algo a dizer e sabe como dizê-lo, se concessões às fórmulas feitas da indústria cultural em sua marcha para a generalização da mediocridade. Minha restrição, aqui, fica por conta da ojeriza que tenha John Fante, autor que considero medíocre e que nos anos setenta ou oitenta fez a cabeça de muitos jovens intelectuais no Brasil…

Blogueiro, 33 anos, Mariel Reis engana à primeira vista, conforme a observação de seu apresentador Gustavo Bernardo, que nele viu, aparentemente, um “neo-realista”, mas somente pela temática e pelas personagens marginalizadas que a sua arte literária recolhe das ruas de um Rio de Janeiro, como sabemos, assolado pelas mais terríveis mazelas sociais.
Porém, a forma como trabalha seus temas e dá vida aos viventes dos seus contos, geralmente curtíssimos, é que cria o diferencial, o estilo, a maneira de apresentar-nos essa fatia de vida que o torna impactante e inesquecível. Se fosse possível compará-lo a um outro autor, o nome que me ocorreria seria o de Rubem Fonseca, mas um Rubem Fonseca que se beneficia do conhecimento posterior.

Não resisto à tentação de fazer minhas as palavras de Gustavo Bernardo sobre o autor de “John Fante…”:
“[...] Mariel Reis joga com a realidade e com a própria ficção, produzindo um trabalho metaficcional que obriga o leitor a suspender seus juízos tanto sobre a vida quanto sobre a literatura. Os contos algumas vezes sugerem pontos de partida autobiográficos misturando crônica com depoimento, mas de repente dão uma reviravolta e se transformam em fábulas terríveis [...]”.

Recomendo aos leitores e à Editora Calibán que invista em autores desse quilate. Pois são autores com esse talento que farão a literatura, realmente, contemporânea.
Valeu, Mariel Reis.
Franklin Jorge (1952) nasceu na cidade de Ceará Mirim, no Rio Grande do Norte. Escritor eclético e enigmático, jornalista de renome, é autor de "Impróprio para menores de 18 anos" - Limiar, 1976, em parceria com a escritora Leila Míccolis; "Poemas Apócrifos" (in_Fantasmas Cotidianos - Navegos, 1994); "Abaixo do Equador" e "Ficções Fricções Africções" - Mares do Sul, 1999, ganhador do Prêmio Luís da Câmara Cascudo, de onde extraímos o texto acima, pág. 53.

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