Je suis Charlie Hebdo?
Charlie Hebdo blasfemava contra todas
as religiões. Nenhuma possuía hegemonia;todas eram tratadas como Marx e
Lenin queriam dentro do materialismo histórico.O primeiro as chamava de
aguardente ;e o segundo, de ópio. A revista era de esquerda e não possuía
patrocinadores. Portanto, os editores infamavam, porque o sensacionalismo vende
exemplares nas bancas -, a advertência da bomba de 2011 deveria ter levado ao
pensamento sobre a ética jornalística e o que estava sendo atingido como também
o poder reativo do alvejado.
Em entrevista, o editor Charb afirmou que não obedecia a Maomé, mas às leis
francesas. E as leis francesas de que tanto se orgulhava causaram massacres em
um passado colonialista. A liberdade era para poucos.
Em uma sociedade do espetáculo vale tudo mesmo para se estar no centro dela?
Hoje muitos são Charlie Hebdo, mas contra a declaração do humorista Renato
Aragão de que nordestinos e negros não ligavam às piadas veiculadas no programa
humorístico do quarteto. Como ser Charlie Hebdo e ser contra Os Trapalhões? O
povo tem duas moralidades: uma para uso público e outra para o doméstico.
Ser Charlie Hebdo não é estar contra as mortes daqueles homens na redação por
fundamentalistas, porque me solidarizo com as vítimas e reprovo toda violência;
ser Charlie Hebdo é estar a favor de uma política suspeita travestida de
liberdade de imprensa em uma série de ignomínias ditadas pela ascensão de
políticas conservadoras e protecionistas. É o engajamento na islamofobia
promovida por Bush (pai e filho), reduzindo uma cultura a atos de
barbaridades.
O Islã erra por não condenar em conjunto o terrorismo, mas sua desarticulação, desde
o último aiatolá iraniano, se deve tanto à União Soviética quanto aos EUA, ambos
classificados por Khomeini de GRANDES SATÃS. O meu repúdio é ao ato terrorista
e às mortes. A minha indignação: o Islã precisa reunir seus intérpretes do
Corão, estabelecer uma liderança equivalente a papal para se pronunciar contra
atos como esse que emporcalham a imagem de cidadãos corretos, rebaixando-os à
categoria de animais nocivos.
Uma multidão
desinformada não acompanhou os anos 80 como deveria para compreensão do quadro
de dissolução da consciência islâmica promovida por ambas as nações da Guerra
Fria. Nem um nem outro queriam perder, na batalha, cada palmo de território a
ser conquistado e sua influência ideológica- fosse ela capitalista ou
comunista. No entanto, com a saída de Khomeini ocorre uma reviravolta perigosa
que culmina com a queda das Torres Gêmeas.
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