A Lembrança mais bonita (conto de Mariel Reis)
Ela perguntou-me qual era a lembrança mais bonita, a resposta emergiu de uma noite, distante demais no tempo para causar embaraço em nossa conversa. Ela morava fora, estava casada e tinha um filho. Reunidos em torno da mesa não tínhamos outro assunto a não ser nós mesmos e a consequência de nossas vidas. Havíamos feito o que podíamos dentro das regras de um jogo inútil cujo resultado, embora previsível, ainda surpreende. A vida confortável para ela tornou-se uma monotonia, para fugir passou a ter amantes. Apenas uma distração, que outra vez, com o tempo, pontuava para a rotina. O marido não a compreendia. Jurava-lhe amor e a verdade transparecia nas palavras balbuciadas por ele, ignorante das pausas e silêncios dela. Ambos escavavam, entre os dois, um abismo , ela sentenciou. Não me ocorreu melhor palavra. Me desculpe...