Corda Bamba - Primeiro texto P.I. (pós -isquemia)




‘Não há nenhuma intenção em virar as coisas de pernas para o ar, como acreditavam os mais alarmistas. Não, eles não desejam a volta dos valores defendidos pela TFP ou de qualquer outra instituição defensora de algo semelhante. São reformistas, creem nas instituições, nos homens que as dirigem e apostam que podem reformá-los. Incutir-lhes noções éticas. E até mesmo, cívicas. ’
Mariel Reis (marielreis@ig.com.br)

As últimas notícias a respeito das passeatas não confortam aqueles com ímpetos de mudança. O caráter está delineado: reformista. Não há nenhuma intenção em virar as coisas de pernas para o ar, como acreditavam os mais alarmistas. Não, eles não desejam a volta dos valores defendidos pela TFP ou de qualquer outra instituição semelhante. São reformistas, creem nas instituições, nos homens que as dirigem e apostam que podem reformá-los. Incutir-lhes noções éticas. E até mesmo, cívicas. Os pronunciamentos, em torno da ação do MPL, foram desencontrados. 

O mais flagrante deles, pode ser visto, em consulta à internet, no posicionamento do colunista Arnaldo Jabor, articulador político da Rede Globo. A linha editorial das organizações Globo é a responsável pela ótica exibida em sua primeira visão dos fatos. Neste instante, as acusações se voltavam ao reacionarismo do movimento, identificando-o a marchas adeptas a extremismos políticos de qualquer natureza. Em verdade, é preciso esclarecer, nesse momento sua visão coincidia com a da emissora, na qual trabalha, classificava de vândalos os integrantes das manifestações. Sutilmente, como lhe é próprio, aludindo aos anos 50, ao socialismo, aos quebra-quebras intensos e às perseguições em um mundo, na época, polarizado.

A Rede Globo, através dos boicotes aos seus jornalistas, em especial ao apresentador Caco Barcelos, no episódio do Largo da Batata, em Pinheiros, São Paulo e, anteriormente, a crítica da mídia social à postura da cobertura das passeatas, estimulou sanções à emissora. A atitude gerou uma resposta imediata. O noticiário Jornal Nacional logo emitiu nota. Nela esclarecia sua postura a respeito das coberturas das manifestações e reiterava o compromisso com jornalismo ético. A guinada de avaliação da posição dos ativistas não tardou. De um lado, isolou-se, em um pequeno núcleo, os baderneiros, criminalizando-os; enquanto que, do outro se colocavam os reivindicadores legítimos da qualidade na prestação de serviços do país. 

Outra postura foi instalada. No pronunciamento seguinte do comentarista político não era apenas visível como surpreendente sua nova percepção dos fatos. Eles, os manifestantes, estavam consoantes aos valores mais caros à manutenção da democracia e, entusiasticamente, fazia votos de êxito aos seus propósitos.  Mudada a linha editorial, mudado o tom. Na televisão, nada como um dia após o outro. Em um programa, na emissora educativa, em que se discutia sobre a cobertura da imprensa das manifestações, diagnosticava a alteração de opinião do articulista político a uma trombada com a realidade. Difícil é decidir qual realidade pesou mais nas convicções do comentarista se foi à vinda das ruas ou a outra, ditada pelas circunstâncias. Todo mundo paga contas, não é mesmo?

Comentários

ideiasaderiva disse…
Bem, um amigo otimista disse que essa barulheira vai resultar em alguma coisa... Tomara. Se essa ideia do suplente (pai, mãe, filho...) acabar, já teremos uma conquista. Por outro lado, eu sei você sabe, precisamos ver como eles darão um jeito de mudar tudo pra ficar tudo igual... Como sempre. Bem-vindo de volta.

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