Vontade de Potência da Libido Heterossexual



A Playboy de Fernanda Young é objeto de reflexão para a tendência do imaginário masculino massacrado pelas exigências ditadas pela indústria televisiva e pornográfica em que as estrelas destes tipos de produções precisam ser bonecas barbies gostosas e turbinadas, propagadoras de erotismo óbvio e banal, máquinas incansáveis de fabricação do desejo que não podem ser desligadas, escravas da vontade de potência da libido heterossexual que se mercantilizou tanto que não sabemos quais são nossos desejos ou quais são aqueles desenhados por essa indústria.

Engolidos pela máquina não podemos achar a patroa gostosa, porque tem pneus e não é a super - mulher, a mulher maravilha dos BBB’s. E acossados por esta fome, despejamos nos puteiros, casas de massagem e afins a ambição de consumir o corpo perfeito, transformando em vício aquilo que antes era virtude, produzindo sofrimento por incorreções que no passado eram detalhes que apimentavam a tara. A busca pelo corpo perfeito acabou com a mulher do lar.

Deu fim à vida sexual da baranga, encarcerou as mulheres feias em salas de cirurgia plástica, ninguém confessa que traçou uma mulher feia, se faz isto é em confissão para padre, porque nem para psicanalista o individuo comenta o que ele chamará de deslize, perda momentânea de consciência.

Todos querem que aquele comercial de cerveja acabe por se tornar real. Cada cervejeiro recebendo sua mulher robô, gostosa, sua mulher nota mil, programada para dizer sim, sim, sim, muçulmana, egípcia, estóica e maria. Talvez decorra daí a hostilização dos homens a Playboy de Fernanda Young – mulher inteligente, independente e liberada das linhas de força da sociedade de consumo. Talvez derivem daí os comentários maldosos das demais mulheres que se esforçam para se encaixar no modelo para que seus maridos não pulem a cerca, para não serem a Carrie, a estranha da vida dos seus homens, renunciando a sua individualidade, a sua identidade e mergulhando na ordem geral. E depressivas, estas mulheres tornam-se dependentes das drogas da felicidade, tudo para estarem no curso da modernidade nociva e padronizadora. Não importa se é uma estética revitalizada de pin-up dos anos 40 e 50; se não for a estética cachorra, povo execrará.

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