A Gravata


A gravata é um utensílio do vestiário que surgiu no século XVII, sob reinado de Luís XIV para distinguir no batalhão empregado pelo rei os soldados croatas. Estes eram facilmente reconhecíveis porque usavam um grande lenço ao redor do pescoço. A palavra gravata é uma corruptela de croata.

O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade referia-se a este símbolo em um dos seus poemas de modo a negativa-lo, classificando-o como uma serpente enrodilhada ao pescoço. Como se o utensílio representasse na sociedade uma identidade de opressão do qual é preciso se livrar para se estar feliz.


Tom Zé, compositor baiano, assinala desta maneira sua relação com o penduricalho: "A gravata já me laçou/a gravata já me enforcou/amém/ A gravata já me laçou/a gravata já me enforcou/amém//Um cidadão sem a gravata/é a pior degradação/é uma coroa de lata/é um grande palavrão/é uma dama sem pudor/estripitise moral/é falta de documento/é como sopa sem sal."

O compositor carioca Jorge Benjor parece saber bem aquilo pretendido pelo poeta mineiro. Em sua canção O Homem da Gravata Florida, o utensílio do vestuário abandona sua característica opressora e se transmuda, propiciando àquele que a carrega a sensação de plenitude, descrita desta forma: “Essa gravata é o relatório/De harmonia de coisas belas/É um jardim suspenso/Dependurado no pescoço/De um homem simpático e feliz.”.

Dar uma gravata é uma expressão incorporada à gíria da luta livre para ser sinônimo da aplicação de um golpe que asfixie o adversário para tirá-lo do combate.

Há homens que não suportam a gravata. Este é o meu caso. Em determinadas ocasiões profissionais sou obrigado a usá-la, mas o desconforto não compensa a satisfação em ostentá-la seja em um jantar de negócios ou sessão solene em que seja uma exigência do traje.

Hoje terei que trazê-la preparada, porque se requisitada, terá seu lugar em volta do meu pescoço. A idéia não me agrada, porque se em sua origem a gravata distinguia os mercenários do exército do rei. Hoje a tarefa é muito mais difícil, porque estamos todos uniformizados.

Comentários

Anônimo disse…
Li em uma revista antiga do Jb sobre pessoas que mudaram de vida a história de um executivo que largou tudo e mudou de profissão quando atravessava a Rio Branco e imaginou se um ET aparecesse em sua frente e perguntasse o que seria aquela fita amarrada no pescoço ele não saberia responder.
ass Diego

Postagens mais visitadas deste blog

Iberê

O caso Alexandre Soares Silva

Na Pequena Área