Alice Brill e A Solidão Humana
Alice Brill é uma pintora solitária. A afirmação pode parecer gratuita dita por alguém que não conhece a pintora alemã naturalizada brasileira, mas o que me assegura a verdade sobre esse meu ponto de vista é o contato com dois de seus quadros que refletem de modo definitivo o isolamento da artista e a sensação de estar trancada, incomunicável do lado de fora das coisas, sem estabelecer com elas um vínculo duradouro que possa esclarecê-la sobre o mistério da existência e das peregrinações empreendidas por sua sensibilidade em busca de um ponto de apoio para sua investigação.
A primeira pintura é “Fachadas” em cores escuras, com formas longilíneas, imitando a parte de fora das edificações de uma cidade. A pintura geometrizada e desencontrada das formas conflitam sobre a superfície do quadro, sem nenhum diálogo entre as partes da composição que a rigor não teria o equilíbrio esperado de uma pintura formal sobre uma paisagem urbana; isso para evitar termos determinantes como a intromissão de certo expressionismo que levaria a transportar para o suporte da pintura todo o sentimento de incomunicabilidade presente, a idéia de estar fora de um mundo que não lhe pertence, mas cujo olhar se aprofunda a procura de vestígios de identidade para então construir os laços de familiaridade para sua adaptação a essa nova existência.
É uma pintura que procura suavizar o transplante de uma cultura para outra, apesar da acentuada ascendência das formas, revelando o escapismo espiritual a que as figuras são submetidas, como se dessa forma pudessem alcançar o céu particular da criadora, mantendo-a livre das tentações do terror. Porque “Fachadas” é uma pintura aterrorizadora, sufocante, asfixiante, porque empareda o olhar da artista, tornando-a uma autista que tateasse a superfície da realidade para encontrar as brechas onde possa respirar. O poeta gaúcho Mário Quintana diz que:“Quem faz um poema abre uma janela” e através dessa lição desconhecida, embora familiar à Alice Brill ela abandona a cela abafada de seus medos e se atira ao inevitável universo do outro sem saber o que encontrará de fato: se solidão ou alegria.
A pintura “Apartamentos” reforça a idéia central de insulamento sentido pela artista, porque em sua construção verificamos diversas figuras em seu escaninho de realidade, concentradas em sua solidão, dirigidas pelo olhar que as recorta na construção do espaço comum – o prédio – mas que as mantêm em compartimentos, evitando que a idéia de comunidade se implemente, somando força aos sentimentos desses espectadores esvaziados de solidariedade, porque construídos pelos ruídos e falhas da sociedade contemporânea. A recreação da solidão é um divertimento com coloração variada, oscilante entre cores vibrantes e mornas a uma matização geral enegrecida como emoldurando as emoções mais constantemente.
A pintura de Alice Brill – pelo menos nesses dois quadros – refletem a inadequação desse transplante de uma cultura para outra, isto em sua camada mais superficial, em sua leitura mais imediata; em seus meandros é perceptível a solidão da artista, experimentada com medo e certo amargor, com prazer e certo receio, porque precisa decifrar a nova ordem desse novo mundo. Ingressa em signos alienígenas, porque se a sociedade está em sua quarta Revolução Industrial o homem ainda não acompanha com o seu interior, e em mesma velocidade, sua reinvenção, sendo lenta a absorção das transformações que prometem salvar o homem se si mesmo, mas acabam o enredando em uma série de desencontros por conta da rapidez dos fatos. A pintura de Brill é a experiência desse convívio com uma sociedade altamente industrializada, evoluída, mas habitada por homens com cada vez mais medo.
A primeira pintura é “Fachadas” em cores escuras, com formas longilíneas, imitando a parte de fora das edificações de uma cidade. A pintura geometrizada e desencontrada das formas conflitam sobre a superfície do quadro, sem nenhum diálogo entre as partes da composição que a rigor não teria o equilíbrio esperado de uma pintura formal sobre uma paisagem urbana; isso para evitar termos determinantes como a intromissão de certo expressionismo que levaria a transportar para o suporte da pintura todo o sentimento de incomunicabilidade presente, a idéia de estar fora de um mundo que não lhe pertence, mas cujo olhar se aprofunda a procura de vestígios de identidade para então construir os laços de familiaridade para sua adaptação a essa nova existência.
É uma pintura que procura suavizar o transplante de uma cultura para outra, apesar da acentuada ascendência das formas, revelando o escapismo espiritual a que as figuras são submetidas, como se dessa forma pudessem alcançar o céu particular da criadora, mantendo-a livre das tentações do terror. Porque “Fachadas” é uma pintura aterrorizadora, sufocante, asfixiante, porque empareda o olhar da artista, tornando-a uma autista que tateasse a superfície da realidade para encontrar as brechas onde possa respirar. O poeta gaúcho Mário Quintana diz que:“Quem faz um poema abre uma janela” e através dessa lição desconhecida, embora familiar à Alice Brill ela abandona a cela abafada de seus medos e se atira ao inevitável universo do outro sem saber o que encontrará de fato: se solidão ou alegria.
A pintura “Apartamentos” reforça a idéia central de insulamento sentido pela artista, porque em sua construção verificamos diversas figuras em seu escaninho de realidade, concentradas em sua solidão, dirigidas pelo olhar que as recorta na construção do espaço comum – o prédio – mas que as mantêm em compartimentos, evitando que a idéia de comunidade se implemente, somando força aos sentimentos desses espectadores esvaziados de solidariedade, porque construídos pelos ruídos e falhas da sociedade contemporânea. A recreação da solidão é um divertimento com coloração variada, oscilante entre cores vibrantes e mornas a uma matização geral enegrecida como emoldurando as emoções mais constantemente.
A pintura de Alice Brill – pelo menos nesses dois quadros – refletem a inadequação desse transplante de uma cultura para outra, isto em sua camada mais superficial, em sua leitura mais imediata; em seus meandros é perceptível a solidão da artista, experimentada com medo e certo amargor, com prazer e certo receio, porque precisa decifrar a nova ordem desse novo mundo. Ingressa em signos alienígenas, porque se a sociedade está em sua quarta Revolução Industrial o homem ainda não acompanha com o seu interior, e em mesma velocidade, sua reinvenção, sendo lenta a absorção das transformações que prometem salvar o homem se si mesmo, mas acabam o enredando em uma série de desencontros por conta da rapidez dos fatos. A pintura de Brill é a experiência desse convívio com uma sociedade altamente industrializada, evoluída, mas habitada por homens com cada vez mais medo.
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