A Renúncia - Notícia do Dia

Fidel Castro renuncia a “presidência” cubana que teve o mais longo mandato da história: 49 anos. A notícia espalhou-se rapidamente sobre a decisão do Comandante em Chefe que enfrentava graves problemas de saúde, tendo se afastado do cargo, nomeando temporariamente seu irmão Raúl Castro para presidir o país enquanto convalescia.

A nação cubana está dividida com a decisão do Comandante. Parte dos cubanos viam uma liderança sincera na figura de Fidel, tomando como justas as medidas decididas por ele ao longo do governo; outros, esperam que a decisão represente um novo início para o país que pretende inaugurar as eleições diretas para presidente com um mandato agora uma pouco menor, de cinco anos. A parcela insatisfeita com o regime castrista aposta que nada irá mudar, sendo isto uma estratégia do Comandante para modificar a sua passagem para à História: a de um libertador que se tornou um ditador feroz. Apostam que não serão libertados os opositores do regime, e tampouco o país se aproximará de uma política econômica mais flexível que beneficie o crescimento e a integração dos cubanos com o resto do mundo.

Os conservadores vêem com muita desconfiança o afastamento de Fidel, temendo um retrocesso histórico, que ganhem forças os opositores do regime, levando Cuba ao estágio anterior a dita revolução, colocando a perder as significativas conquistas tanto no terreno ideológico quanto tecnológico. O temor de que o país seja saqueado impedem a ala conservadora de avaliar com isenção de espírito – mesmo que cansado – que se não for um blefe a atitude de Castro, isto contribuirá para ser reescrita a história recente desse país que sofre forte sanção econômica americana.

A dúvida é a seguinte: Cuba não se tornará uma espécie de Cancun? Isso atormenta aos legionários de Fidel, e entristece àqueles que durante um longo período dedicaram suas vidas por uma lenta abertura que não fosse prejudicial, mas também não tão precipitada.

Comentários

É brabo, Mariel... Eu acho que Fidel sai de cena sem deixar nenhum herdeiro ideológico com tanta cimentação: e que será dos cubanos? Não é bom esse negócio de personalismo, mas esse carisma todo me faz vibrar! Fidel não pode ser visto como um ditador cruel, mas um autoritário. Não podemos rasgar as páginas escritas por Hobbes, Rousseau, Marx... o coletivo imperando. A vontade de todos reduzida a uma só, o consenso da maioria sendo representado por um líder que recebe o status de autoridade e faz o que tem de ser feito, se assume como autoritário... Esse individualismo besta das praias daqui. Way of Life desalentador... vale a pena torcermos para que Cuba se mantenha como exemplo de Democracia; democracia de verdade e não esta gerontocracia que temos aqui de currais eleitorais e promessas falaciosas. Estado existe para a vontade de todos ser respeitada e não a de um só. O estadista cubano podia ter defeitos de natureza subjetiva e objetiva, mas é fato seus acertos sobrepujarem seus defeitos. Não vejo que tenha saciado mais sua vontade que a de todos, talvez exista um jeito de ego... mas ele também renunciou a muita coisa pra se fixar na História. E fez por onde para isso... na minha cabeça de certa forma Fidel morreu. Mais corajosamente que Getúlio, menos horrivelmente que João Paulo II... E morre se mantendo vivo; coisas desse 'viejo'... feito finalização de artigo do Jornal Inverta, fico por aqui com este depoimento-desabafo confuso: Viva Fidel!

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