Observações de Leitura

A leitura de Céu Baixo, livro de estréia de Máximo Lustosa, é lenta. Reinicio a jornada de trabalho com cuidado para não cometer equívocos,porque neste ano do rato, horóscopo chinês, toda verdade aparecerá, mesmo que lentamente. Preferia ler os contos de Céu Baixo sem perceber neles a intromissão da moralidade cristã, porque o autor parece pertencer ao ambiente dos escritores católicos como George Bernanos – Sob o Sol de Satã – e Octávio de Faria – O Lodo das Ruas. A leitura das narrativas – porque algumas do ponto de vista formal se afastam da noção clássica de conto – impregnada pela reflexão da culpa e da má consciência diante de uma realidade onde a impotência do escritor incomoda é um dos pontos que precisariam de uma reavaliação. Não necessitamos de um autor que construa uma pedagogia para nos explicar nossas vicissitudes – a igreja e os livros de auto-ajuda se ocupam disso nos dias atuais, e com muito sucesso.

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Adonias Filho deveria estar novamente nas livrarias, com reedição de suas obras principais. A minha sugestão é se recomeçasse a publicação pelas narrativas curtas deste autor: Largo da Palma, contos; Fora da Pista, novela. Estas obras serviriam de introdução ao universo narrativo deste escritor, acrescentando às edições comentários críticos situando o autor na literatura regional, destacando a sondagem psicológica largamente utilizada por ele em seus romances, invertendo a maneira como era avaliado o ambiente que se já não está na paisagem, agora integra o íntimo dos personagens, talvez influência de um outro mestre como Graciliano Ramos, no romance Vidas Secas, onde este paralelismo se aprofunda e se afirma.

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Assisti O Ano Que Meus Pais Saíram de Férias – o roteiro sensível, apesar do rame-rame sobre a guerrilha no país, me fez pensar sobre o autor do Avesso dos Dias,ed. Beca, Cláudio Galperin, por onde andará este individuo talentoso e tão pouco festejado?

Comentários

ideiasaderiva disse…
Gostei Mariel.
Preciso atentar para o fato de que eu só posso escrever sobre as minhas paranóias, só posso escrever daqui dentro; mas, talvez, deva dissimular melhor as minhas particularidades, ou não chegarei jamais à literatura e acabarei uma diarista juvenil.
Enfim, um livro de auto-ajuda que estimule/sugira o suicídio deve ser alguma evolução do gênero e deve ajudar a eliminar os fracos - rs.
Aguardo mais.
Abraço.
ideiasaderiva disse…
Gostei Mariel.
Preciso atentar para o fato de que eu só posso escrever sobre as minhas paranóias, só posso escrever daqui dentro; mas, talvez, deva dissimular melhor as minhas particularidades, ou não chegarei jamais à literatura e acabarei uma diarista juvenil.
Enfim, um livro de auto-ajuda que estimule/sugira o suicídio deve ser alguma evolução do gênero e deve ajudar a eliminar os fracos - rs.
Aguardo mais.
Abraço.
Aurea Bèart disse…
Auto-ajuda com suicídio... Tem a cara de "O Pato Selvagem", peça de Ibsen... Vale à pena conferir (RSRSRS)

Bjs
Anônimo disse…
apoiado o retorno de adonias filho! abração Marieeeeeel

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