Repercussão Sobre Leitor, Abominável Leitor?

O blog Paralelos repercutiu a discussão levantada aqui sobre a opinião dos escritores contemporâneos a respeito do leitor. O quem me deixou bastante feliz. A caixa de comentários se não está cheia, pelo menos conta com nomes que leram atentamente o que foi dito, analisaram e postaram lá suas opiniões sobre as colocações dos autores, porque é apenas um texto expositivo de palpites alheio dados por ditos profissionais da literatura sobre um assunto há tanto tempo batido que é a formulação de uma antiga pergunta: o que é o leitor. E, cada um dos escritores se esforçou para encontrar a síntese capaz de definir esta entidade. Alguns com mais felicidade, outros com menos, mas todos buscaram uma resposta, ensaiaram uma maneira de compreender o fenômeno, mesmo que discordemos de algumas declarações.

Rafael Rodrigues levanta na caixa de comentários se a obra de Faulkner – Som e Fúria – foi escrita para algum determinado leitor. No artigo já explicito logo em seu inicio que a resposta é positiva, porque se o escritor sulista não tivesse um leitor como ele mesmo em sua mente para a realização daquele trabalho literário não se arriscaria a por uma linha, por mais absurda que fosse, sobre a página em branco dos cadernos em que escrevia. Então Faulkner tinha em mente este leitor especial, tão erudito quanto ele, informado da ficção de James Joyce, Herman Broch e outros autores que levaram adiante uma aventura diante do texto literário, retorcendo suas possibilidades. Contudo isto é óbvio, não merecia nem ser comentado, porque Rafael Rodrigues deve muito bem saber tanto do autor da Morte de Virgilio quanto de Ulisses, que possivelmente seriam leitores potenciais da ficção do autor de O Intruso. Já teríamos dois leitores capacitados, não?

O que me incomoda e agora possa claramente rechaçar é que a defesa que alguns autores promovem sobre outros não está relacionada de maneira nenhuma com a qualidade literária daquilo que estes outros produzem, mas diretamente ligada a idéia de favores futuros como emprego, indicações para cargos, projetos literários, tudo o que é extemporâneo ao trabalho literário. Quando não é apenas extensão de uma vaidade que se afirma através de mesas de bares, pequenos círculos de iniciados, onde determinados autores se gabam de privar amizade com este ou aquele sucesso da literatura brasileira, reforçando os laços de cumplicidade que não deixarão de ser recompensados. Porque já diz o ditado popular “aos amigos tudo” quanto “aos inimigos”....

O blog Paralelos é uma casa simpática, abrigando o meu texto que apenas é expositivo, se a pessoa que o ler tiver um pouco menos de preguiça e miopia, poderá dispensá-lo e ler as entrevistas que o embasaram, tirar as próprias conclusões e se decepcionar. Porque a vida é isto, meu bem, pergunte ao livro que ele lhe responderá, não é necessário uma equipe cirúrgica para arrancar de um bom livro sua verdade se ele possuir uma, basta que folheemos as páginas calmamente.
Assim emergirá da lagoa o monstro ou a sereia. Basta se decidir por qual optar.

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