Terceiro Mandato de Lula?

Na Operação Lava Jato são tantas as acusações contra o ex-presidente Lula que muitos articulistas políticos apostavam em seu ingresso em um ministério para que o processo em que está implicado, após a homologação da delação premiada de Delcídio Amaral, ex-senador e ex-líder de negociação da bancada governamental, tenha outro trâmite e o possível réu seja beneficiado com a nova manobra. Isto é o menos importante, porque Collor, mesmo com sua reputação política assassinada após seu impeachment, provou nos tribunais a sua inocência; portanto, creio que o paralelismo entre ambos parece válido para julgá-lo - a Lula; e arriscar de que poderá sair incólume de todo imbróglio e retomar, se quiser, uma possível carreira política ou mesmo se aposentar. A aceitação do ministério por Lula assume outro significado maior: de que os mandatos da presidente Dilma sempre mascararam a presença de seu tutor nos bastidores políticos, embora muito alardeada a suposta autonomia da atual presidente. Lula nunca saiu do poder: circulava com discrição - não tanta -, mas, ainda que suspeitada sua influência, não havia provas de que sua vontade estivesse imposta ao governo de Dilma. Agora, saído das sombras, Lula será "o primeiro ministro" na história da política brasileira que poderá ter mais poder do que a própria presidente eleita. Restará a Dilma, para provar que nunca foi um fantoche, deter o ímpeto de Lula que pode lhe arruinar a imagem e o governo, tornando-se incômodo por conta de suas intromissões. Agora é ver para crer, mas os entusiastas já chamam a Lula de "ministro da esperança" ainda que tenha sobre seus ombros a poeira do desmoronamento do país, mesmo não estando sob seus escombros.

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