Reflexões escritas no whatsaap

Somos selvagens, no sentido mais nocivo que o termo pode adquirir. Inventamos a civilização para a educação de nosso ódio. J.J. Rosseau está errado quando toma a natureza do homem como predominantemente boa. Thomas Hobbes é que está correto -, somos vis. Reconhecendo nossa vileza, inventamos entraves para obstruí-la, às vezes sem sucesso.  Freud chamou a isso de repressão. A civilização é a contenção de nossas pulsões destrutivas. Devemos nos orgulhar dos valores humanísticos criados por nós e ter ainda maior força para persegui-los. Dispomos de uma humanidade que precisa ser constantemente alcançada, renovada e reinventada.



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Em meados da última década, em leitura atenta do leninismo, em especial sobre a narrativa do ódio na ex-URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), lembro-me de minha introdução aos escritos do mentor da Revolução de Outubro, embora muitos rumores circulassem, prejudicando sua recepção - e muitas das vezes pareciam parte de um desmonte do perigoso revolucionário.  Através do lendário Professor Xavier, Antônio Ernesto Serra Gomes, principiei minha educação marxista. Geralmente, as aulas se davam em associações de moradores, sindicatos ou, em período mais recente, entenda-se a expressão com o recuo temporal aqui aludido, na Escola de Administração da Alerj. O suposto ódio era um espectro e o apoio ao terrorismo do leninismo não passava de manipulação da mídia imperialista para a obstrução do caminho de igualdade, fraternidade e liberdade entre os homens como rezava o lema da Revolução Francesa ainda compatíveis à experiência russa. Especializei-me nos discursos voltados para a Juventude soviética, no pós-Revolução, com ênfase n’ As Tarefas Revolucionárias da Juventude, de Lenin. A leitura, à época, ainda contaminada por romantismo, não se deu sem estarrecimento com a catequese do ódio – vista depois na Revolução Cultural maoísta -, mas, agora, retomada a leitura do discurso , publicado pela editora Expressão Popular, de posicionamento de esquerda,  percebo a virulência da incitação à dissolução dos valores morais da juventude, transformada em cães de rinha – creio que era a pretensão de V.I.Lenin e de Karl Marx, afinal  era uma guerra. A frase de Lenin a respeito do terrorismo – Somos favoráveis ao terrorismo organizado – isto se deve dizer francamente – que antes pertencia a uma folclorização negativa, ganhava contorno e verdade, porque eu lia seus escritos e não mais tinha fantasias a seu respeito e também ao regime por ele implantado e presidido. Lembro-me que durante o curso, por minha insistente e incômoda moderação, me chamavam de idealista. Julgava que era um elogio, quando, na verdade, significava, ali, exatamente o contrário.

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