Sonho - 30 de Março
Devia ser este o sonho. Eu pouco me lembro. Mas devia ser do modo inusitado. Minha filha crescida subindo aflita ao meu apartamento. Como sei que era minha filha? Ora, a pinta em sua bochecha. Aflita, me pedia para sentar. Dirigiu-se até a cozinha. Ouvi o barulho de uma colher mexendo em um copo. Voltava a minha filha. Copo de água na mão. Pediu-me que ficasse calmo. As mãos trêmulas. Os olhos parecendo sair das órbitas. Retribui o pedido. Levantei-me para ela se sentasse. Eu estava velho. Não o bastante para ter dificuldade em me mexer. Meu corpo parecia ágil. Era de fato ágil. Meus cabelos embranqueciam-se. Minha pela tinha uma cor passada. Eu estava velho. O computador ligado. Escrevia sei lá o quê. O cursor interrompido piscando. Como a notícia que minha filha me trazia. Devia ser um sonho. A última vez que conversei com minha mulher sobre minha filha, ela me disse: “Casou-se com um estrangeiro. Mora fora.”. Perguntei: “Onde?”. Na França. Lembro que liguei para um amigo que freque...