Descobrimento do Brasil

O locutor indígena, do alto da torre de transmissão, com toda visão de jogo, vê a seleção portuguesa armar todo o ataque. Se a torre é um penhasco; o campo da pelada é o mar bravio; e a seleção as naus avançando para a costa; são outros quinhentos.

A taba em alvoroço, sem estratégia contra o inimigo retrancado: à frente um barco com um único atacante, desembarca na pequena orla e para diante de dois zagueiros brucutus e sem nenhuma tanga. As tais vergonhas, diz o árbitro Pero Vaz de Caminha – aposentado – comentarista da rádio TUPI.

Os zagueiros atarantados com as mímicas do estranja, os dribles do filho da puta, a ginga das pernas de defunto. Lá, no meio do gávea, com olhos de luneta, o capitão-mor, com sinais de impaciência, pede o gol. Atrás dos zagueiros, dois coqueiros, uma rede e pasmem o guarda-redes é uma indiazinha nua em pelos. Pode, Manuel? Claro que não pode, Joaquim...Nosso atacante hesita, vergonhas lisinhas, peitinhos em flor....Geralmente, a jogada é recomeçada, a bola recuada e toda uma nova triangulação tática para a chegada ao gol é feita.

O atacante pegou a bola, o loucutor indígena grita: MÃOOOOO! A partida é interrompida. Os zagueiros brucutus pelados cruzam os braços, o nosso árbitro comentarista Pero Vaz de Caminha está indignado, É anti-jogo!

Surge das águas um centroavante cuja presença estava apagada em campo: Vasco Ataíde. O capitão Cabral não acredita, o volante Nicolau Coelho está pasmo. Henrique de Coimbra, empresário de um tal Jesus, jogador de múltiplas habilidades, atuante na Europa, com entradas duras mas leais, acha que Portugal não está em boa forma – Se fosse a Espanha...

Agora a coisa fugiu ao controle dentro de campo – Todo mundo está pelado. As indiazinhas confraternizam com o time adversário, os maricas com os zagueiros brucutus, o sururu tá formado.

O locutor indígena que não é bobo, nem nada, larga tudo. É uma suruba. Toda torcida está em campo. Terraaaa de Vera Cruzzzz!, diz de algum lugar Herbert Richers; a película começa a desbotar, os créditos aparecem. Os sonoplastas são araras e tatus.


Convocam, de uma fenda temporal, Lamartine Babo – e o primeiro cordão carnavalesco realiza desfile. A entoação pode ser ouvida de longeeeee: Quem foi que inventou o Brasil? Foi seu Cabral! Foi seu Cabral! No dia vinte e um de abril...




Fonte da Imagem: Google.

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