Equívoco e Impasse no Futuro da Seleção Brasileira
A demissão do técnico Mano Menezes foi uma precipitação. Os motivos que o levaram a ser dispensado pela CBF, exatamente pela figura do presidente da entidade José Maria Marin, não foram esclarecidos. Não se sabe o que ocasionou a atitude de Marin. É possível supor que a pressão por parte de ex-jogadores como Romário, principal crítico do técnico, além de alguns comentaristas esportivos contrários a sua permanência e a sua lenta resolução acerca do esquema tático e do quadro de jogadores em suas respectivas posições, tenham contribuído para o desgaste e para a decisão de Marin. Talvez a decisão do presidente da CBF já tivesse sido tomada e anunciada somente agora, evitando a presença de Mano Menezes na Copa das Confederações.
São apenas especulações.
A torcida brasileira não caía de amores por Mano Menezes, tampouco a crítica especializada, mas não podemos lhe negar os méritos à frente da seleção. Primeiro, tinha um planejamento para a renovação da seleção brasileira, embora se limitasse a esquemas táticos funcionais em 1950, mostrava coragem em incrementar o meio de campo articulando-o ao ataque em revezamentos que davam mobilidade ao time em campo. Os erros são parte do cotidiano de um técnico ocupado em descobrir novos rumos para a seleção brasileira e recuperar o futebol – arte. No tocante a essa questão as equivocadas convocações de jogadores que não teriam condições de vestirem a camisa verde amarela não precisam de nomes para exemplificá-las.
O presidente da CBF, José Maria Marin, disse ter pelo menos uns seis nomes para candidatos à vaga de técnico da seleção brasileira. Em um julgamento sensato do panorama do futebol nacional, apontamos como possíveis técnicos em atividade para o cargo, respectivamente: Tite, Abel Braga, Cuca e Muricy Ramalho. Não importa o estilo de jogo praticado por eles, mas, sim, a atuação de cada um deles nos times onde desempenham suas funções, conseguindo resultados que não são desprezíveis em suas campanhas pelos campeonatos em que estão envolvidos. Se nesse grupo está representado um retrocesso no esquema de renovação de jogo, isto é, no resgate do futebol - arte, é outra discussão. Correndo por fora, a especulação da volta de Luiz Felipe Scolari ou a contratação de Pepe Guardiola causam frisson por diferentes motivos.
O retorno de Scolari não somaria novidade nenhuma à atual seleção brasileira; é um técnico esgotado, sua campanha pelo Palmeiras expõe claramente suas insuficiências. Museu é que vive de passado. Pepe Guardiola, embora seja uma escolha superior, os nacionalistas de plantão não admitiriam a presença de um estrangeiro na direção da seleção principal do país.
Particularmente, a experiência de intercâmbio, me parece sedutora e bem-vinda. Entre os nomes brasileiros, Muricy Ramalho poderia assumir a seleção brasileira, porque depois da surra levada pelo Santos do Barcelona, o técnico aprendeu que a nossa escolinha de futebol precisa energicamente de mudanças. Tite é outro bom nome. A campanha do Corinthians é prova disso. Sem nenhuma estrela em seu elenco, os resultados são inegáveis. Abel Braga é inquestionável, apesar de alguns senões, comuns a todos os técnicos elencados como prováveis comandantes da seleção brasileira, com o Fluminense. Cuca é surpreendente, criativo, embora reativo demais às críticas, desenvolve um bom trabalho no Atlético-MG.
Mesmo longe da excepcionalidade européia, hoje parâmetro para o julgamento tanto de técnicos quanto de jogadores brasileiros, partilho da opinião de que temos bons profissionais atuando no país. Àqueles que crêem no contrário, avaliam com reducionismo o cenário do futebol brasileiro - que não tem metade do investimento do futebol estrangeiro e nem um terço da estabilidade de que gozam os profissionais esportivos daquelas plagas para o desenvolvimento de seu trabalho. Embora minha torcida seja para que Muricy Ramalho assuma a seleção brasileira, indiscutivelmente os números apontam para outros candidatos mais fortes, como: Tite e Abel Braga.
A percepção lógica atalha caminho em minha análise, mas, num país como o Brasil, com a CBF agindo dessa forma, pode ser que surja uma zebra por aí. E se acontecer, não será nenhuma novidade.
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