Poema de Reinaldo Ramos
Ouviste a moça? Meu caro Jorge, sabes bem que quem trabalha é que tem razão mas hoje talvez sintas umas brisas adventícias de cepa africana e possas andar sem camisa rabiscar uns poemas cantados pra espalhar sem remorso ou ânsia e cantar o mesmo mantra diuturno feito faz, assaz bem, o bem-te-vi E pois, escrever não nos mata e o que não é de matar, fortalece - nos adverte o sábio clichê filosófico. E por nisso falar, ouviste a moça louçã da província marítima e cabeça vã? Sabias da sintaxe dos sabiás que sabiamente nos ouvem e têm na moela o alpiste-palavra esmigalhado pelas moendas dos cataventos de moto-contínuo e um bom bocado de orações insensatas que o sol nos derreteu da moleira? Se debalde desexplicamos com as papas da língua e espalhamos letras em bons lençóis de renda e com eles serigrafamos poemas benfazejos nestes céus, azuis feito sonharia a graúna se dela fosse dado de sonhar (por debaixo do pretume da asa) eu cá te deixaria uns dedicado...