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Mostrando postagens de março, 2014
Eu sou a Lua, a inconsolável; a viúva com sua corte   Para Áurea     O dia extingue-se nas montanhas. Os pássaros parecem levá-lo para algum lugar Distante do horizonte, estendendo atrás de si O rastro de sombra que se tornará a noite.     Os vaga-lumes acendem um caminho nas trevas Para os homens não perderem a si mesmos Na caravana, apesar de não terem mais o caminho sob seus pés.   No céu, as estrelas pálidas confessam o seu amor Pelo dia que acontecido e as mulheres sussurram Entre si: “A Lua não encontrará mais sossego no céu, Quando seu longo véu de nuvens se abrir”.
Um Caminho do Zen ( poemas) de Mariel Reis I Como se alimentar A não ser pela boca? Seus olhos, seu nariz, Seus ouvidos, seus braços, Suas pernas, não lhe trazem o alimento? Não é pelos olhos que conhecemos a beleza? A beleza não é uma instrução? A paisagem verdejante e tranqüila Não é o modelo para nosso corpo e nosso espírito? Não o é a sua fragrância uma suave Advertência ao nosso corpo e espírito? Os frutos em suas árvores colhidos Pelas nossas mãos, levados à boca Não é um sinal do que devemos ingerir? O caminho percorrido por nossas pernas Muitas das vezes solitariamente Não o é também um vagar em si mesmo? E vagar em si mesmo não é descobrir-se? Não é estar ocupado pelo instante? Alimenta-se o espírito de modos diversos. Não só pela boca, não só pelos ouvidos, Não só pelo nariz, não pelos braços, Não pelas pernas, não só pelos olhos, Mesmo sem eles recebemos o alimento De que nosso corpo necessita. É preciso estar aten
Roseiral (poema) de Mariel Reis   Centenas de soldados, De capotes rubros, Marcham sob o céu azul.
“ Cada ancião que morre é uma biblioteca que se queima ” Amadou Hampâté Ba A frase acima é do escritor malinês Amadou Hampâté Ba que realizou um trabalho etnográfico nas tribos da África registrando a importância da cultura oral e a sua transmissão através dos mais velhos para os mais novos. A restrição de que apenas o “ancião”, por ter vivido mais, detenha a experiência e, portanto, a verdade sobre os fatos - não apenas de si mesmo como de sua tribo -, desprezando a possível contribuição dos mais novos (negando-lhes talvez a subjetividade), fez com que, em minhas reflexões, a sentença fosse mudada: “As pessoas que morrem são bibliotecas que desaparecem”. Eis a minha reformulação, optando por  não torná-la restritiva, quando se refere apenas ao “ancião” como repositório de sabedoria e de conhecimento, porque, via de regra, todos nós possuímos acerca da existência uma posição e uma tomada de consciência, mesmo que inconsciente, mas trazendo os discursos marginai