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Mostrando postagens de junho, 2016

Camisa Limpa

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Os fumos de literatura são as ervas daninhas do canteiro do escritor; tão siglo diecinueve minha sentença que julgo apertar as mãos de Lope de Vega que por um tempo, não muito curto, cismei ser alcunha de meu barbeiro que também já encarnara Sevilha, não a do poeta espanhol, mas a de outro, um pernambucano, o tal João Cabral que, na quadrilha, ali no imbróglio, fez meu barbeiro retorcer os bigodes para ambos os senhores cuja comparação parecia não lhe ter agradado muito.  A minha peroração, incompreendida, devido a reles companhia no salão, não sofria admoestação alguma pelos circunstantes que julgavam ter diante de si um caso mais de loucura do que do contrário, porque através das ondas sonoras do velho rádio acoplado ao jaleco de meu anfitrião, o programa Patrulha da Cidade estrondava os crimes mais cabeludos, com toda dublagem caricata e sonoplastia necessárias para o realismo da cousa. Meti-me a besta, enfileirei diante daqueles filisteus alguma literatura menos alta, mas,

Lembra-te, homem

As minhas crônicas sobre hábitos saudáveis não possuem um gabarito profilático para a manutenção do estado de saúde. O desemprego ou a diminuição da categoria dos profissionais de saúde não é a minha intenção, menos ainda a pretensão de ostracismo da doença do âmbito corporal, porque se ela se vai dele, a velhice – mesmo a saudável -, não é refreada ou detida. Não cultivo inimizades com a categoria médica; pode custar muitíssimo e não sou um indivíduo cujo temperamento para liça mantém-se eriçado todo o tempo, cuja combatividade não se esgota para ser empregada em outra área, talvez, com novos inimigos e novos armamentos. Retorno à categoria médica com quem não compro briga de nenhum modo, porque tive a experiência da internação – prolongada – e minhas birras custaram muitos procedimentos invasivos pouco gentis para atestação da funcionalidade, por exemplo, do sistema excretor. Não descerei aos detalhes, meu leitor, para a explicitação do que é capaz uma enfermeira, dentro

Práticas Marginais

O alterocopismo é uma prática assídua realizada durante três dias – sempre aos fins de semana - por praticantes saudáveis ou os atletas mais fanáticos não se limitam ao curto período de três dias para o exercício dos membros superiores e alteração dos sentidos provocados como colateralidade da manutenção psíquica e corporal: alongam durante toda a semana a sequência executada nos três dias por atletas sem afinco à sua obsessão. Nas sextas-feiras, em que o levantamento de copo goza de uma popularidade tremenda nos bares, nos botequins, nos restaurantes, nas lanchonetes, nas padarias; com ruidosa alegria, o esporte, praticado tanto em equipes quanto individualmente, eleva-se à categoria olímpica. Geralmente, o leitor - nessa altura do campeonato, depois da descrição de um desporto marginalizado, repleto de calúnias, vilão do excesso de peso, de cardiopatias e outros males -, deve-se perguntar – é o meu bordão, prefiro-o ao baixo calão – diabos onde o cronista quer chegar? A

Keep Walking

O slogan do uísque Johnnie Walker pode parecer contrário a qualquer ideia de saúde, porque incentiva ao consumo de bebida alcoólica, sempre prejudicial ao organismo, contendo, em si, um conselho perigoso para o consumidor do produto “continue caminhando” que, mais cedo ou mais tarde, se perguntará “Diabos, para onde?”, após a constatação de mais uma garrafa vazia e um copo com o resquício de bebida ao fundo. A complementação do mote com a frase “o otimismo te leva mais longe” acentua o caráter de humor - negro – da sentença, despertando no bebedor contumaz uma ligeira desconfiança sobre o destino que o aguarda e para o qual se dirige em um arremedo de saúde – caminhada e bebida, mesmo em uma esteira no ambiente seguro e climatizado de uma academia, nunca são boas companhias. Não sou usuário de academia de ginástica, portanto, após classificá-las de um ambiente seguro e climatizado , com a minha negação, realizo uma adesão ao grupo com motivações suicidas que cismam na utiliza