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Mostrando postagens de maio, 2015

Correspondência

Carta amorosa datada de 25/03/2011 Minha petição pede a retirada ou o controle do desgoverno do meliante canino que atende pelo nome de Menelau Reis, vulgo “Cachorrinho da Mamãe”, pelos constrangimentos que têm causado por rebelar-se contra o acionamento do ar-condicionado, localizado no quarto do casal, portanto, direito apenas do casal. E não dele, que se arroga dono do ambiente, monopolizando a atenção e o carinho por meio de caras e bocas em uma estratégia covarde. Por se tratar de um cocker-spaniel, de pelagem dourada, com orelhas que desabam sobre a carinha, características que enternecem a parceira que o cumula de benefícios como o abaixo enumerados: a) Dormir ao pé do casal, em cama de mola ensacada, contrariando a própria natureza do animal e enciumando o macho alfa da casa que se sente trocado; b) Ganhar mordidinha de amor, porque o cão acima referido é alvo de tantos carinhos e o macho alfa da casa recebe apenas uma (f)ração de amor? O pleito é de que haja

Trecho de Relatório do estágio Supervisionado em História

Introdução Oswaldo, um negro corpulento, de estatura mediana, me recebe na portaria da escola com desconfiança. Examina-me através de uma portinhola, parecida a uma escotilha, faz a invariável pergunta:           - Quer falar com quem?         - Com a diretora. A minha resposta parece tranquilizá-lo; nenhum delinquente estaria vestido como um janota e se interessaria pela figura da diretora, raciocinou. Entretanto, ainda não convencido, esticou a conversa. Os pequenos olhos fixos em mim não se desviavam mesmo quando solicitados por alguém que estava ao seu lado, rogando que não era necessário prosseguir com o interrogatório, porque a palavra estágio me garantia certa imunidade diplomática. Uma discussão se estabeleceu entre eles. Parecia um principio de desentendimento entre ambos, as vozes se altercavam alteradas, seguidas por argumentações a respeito da violência na cidade, até que tudo se acalmou com a aproximação do policial militar de plantão dentro da escola que m

Centro de Convivência Textual - trecho de transcrição da aula

1º Relatório de aula do Centro de Convivência Textual – Oficina Online ministrada por Mariel Reis com administração de Anderson Fonseca O centro de convivência textual começou com um bom bate-papo entre os seus integrantes. Abordou-se a necessidade de cultivo de um jardim interior como reserva para a escrita. Lá, neste lugar, o escritor se retirará para conviver com suas cismas e paixões, observará o crescimento de natureza, constatará o tropismo humano em sua construção estética. Um jardim interior não precisará necessariamente ser composto por flores aprazíveis e de olor marcante; poderá ser constituído por plantas exóticas e ásperas. Nestas a beleza é constatada pela convivência, dedicação e afeto. O cultivo de uma vida interior se contrapõe a necessidade fisiológica da confissão e exposição, pregadas exaustivamente pela mídia e redes sociais. Outro item abordado é a necessidade de um guia. Os integrantes foram instados a procurar um escritor que os acompanhasse ne

Centro de Convivência Textual - trecho da transcrição da aula

3º Relatório de aula do Centro de Convivência Textual – Oficina Online ministrada por Mariel Reis com administração de Anderson Fonseca O espírito de reflexão e de busca por caminhos que conduzam a individuação lentamente são buscados pelos integrantes do Centro de Convivência Textual. A maioria escolheu o guia para a jornada narrativa a dentro, construindo diálogos, estudando as estratégias. Pontuam-se as características marcantes de cada participante, estimulando-as para aproveitamento no crescimento ficcional, explorando-lhes as potencialidades na construção narrativa. É ressaltada a importância de uma boa dieta de leituras em que não são aconselhados alimentos excessivamente calóricos ou gordurosas; devido ao risco de prejuízo da saúde narrativa. Salienta-se que alguns alimentos tidos como saudáveis podem não conter as vitaminas necessárias ao crescimento e amadurecimento do corpo de obra. Neste item, investigou-se rapidamente a obra Grande Sertão: Veredas em que

Outra velha resenha revisitada

O Poeta da Efemeridade Adeus é um livro conflituoso. Mórbido nas alusões que faz à morte. O índice não é índice, são epitáfios. O primeiro movimento do livro é chamado de Quadra 28; Lote 10, como na organização de um cemitério, trazendo nesta numeração a data de aniversário do autor. O prefácio é escrito nada mais, nada menos que por Jó; o autor tomou emprestado da Bíblia as queixas do famoso moribundo para traduzir o estado de ânimo que o levou a escrever também de certa forma as suas jeremiadas. O segundo movimento do mesmo livro, insiste o autor em chamá-lo de Quadra 05; Lote 11; talvez a data de um provável desencanto que desencadeara o processo de confecção do livro em si - como este objeto bifronte que, além de livro, quer ser a pedra da campa do poeta. O estertor romântico atravessa toda a composição deste, no mínimo, curioso livro. De Rimbaud à João Cabral de Melo Neto, está repletos de referências, e se o exótico pode ser apontado como um dos fatores da construção do