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Mostrando postagens de agosto, 2011

Saudades do amigo Hélio Pólvora

"Mariel Reis é um inquieto. Que outro combustível se presta melhor à arte de escrever? Devorado pela pressa, em um mundo que nã o espera, ele vai logo ao cerne, expõe o nervo, desvela o instante critico. É certeiro. Seus pequenos contos, muitas vezes fábulas e aforismos, mas sem a gratuidade que se costuma atribuir ao miniconto ou microconto, trazem conceitos, induzem a conclusões, dã o o que pensar. Neste “ A Arte de Afinar o Silêncio ” ele é uma ave de rapina em repentinos vôos que parecem cegos - e no entanto, nã o retornam sem a presa. No bico, a retorcer-se, vai a “verdade” – aquela verdade dos ficcionistas, mais contundente do que as verdades habituais do dia- a -dia. Hélio Pólvora"

Uma Conversa

Um crente conversa com outro. "Acho que você se superestima". "Não. Não cometo o pecado da vaidade”. "Mas todo testemunho que você dá na congregação, o diabo parece ser o seu irmão do meio, está sempre aprontando na sua vida”. "Quanto mais sucesso, mais o diabo nos acossa”. "Fale a verdade, meu irmão, você se gaba demais da presença do demônio e de sua luta para resistir-lhe, não é?". "Não, nem um pouquinho mesmo. No entanto, o que é que lhe intriga em meus testemunhos?". "Sinceramente, lendo a Palavra de Deus, vi os homens que o capeta tentou e nenhum deles era um pé rapado como você". Fez-se silêncio. Os dois se entreolharam. Chispas de ódio fulgiam agudamente dos olhos do homem do diabo, mas cheio de uma benevolência incomum, apenas esboçou: "Vai, na paz de Deus, meu irmão".

Divulguem!

Maldosos Boatos – Querem tirar a Lona Cultural Jovelina Pérola Negra de Nós Os rumores de que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e a o grupo Afroreggae estejam negociando o destino da Lona Cultural Jovelina Pérola Negra preocupam e fazem surgir questionamentos em relação à ética e a transparência de um processo de licitação que poderá advir, mas que não passará de um jogo de cartas marcadas, para eleição do grupo gestor desse novo espaço de cultura da Cidade. Somente isto bastaria por si só para a realização da denúncia, contudo outro fator está somado ao acontecimento, que é o seguinte: onde fica o grupo que reivindicou a Lona Cultural Jovelina Pérola Negra? Grupo responsável pela articulação para o seu aparecimento, junto a Secretária de Cultura de então, Jandira Feghali, que cogitou batizar o espaço com o nome da cantora que tão bem versou sobre o comércio local, conhecido como Feirinha da Pavuna? E, acrescido a isto, grupo que criou o Projeto que nortearia as

Orelha Para Minha Mãe de Adoção

O Transcendente no Iminente: A Poesia de Dora Locatelli Ingressa na poesia uma voz singular. O timbre afinado, o tratamento fino dado ao tema, a delicadeza de uma abordagem do objeto sob uma perspectiva sempre inventiva, todos os fatores somados ao peculiar misticismo engendrado pela poeta ao lidar com o cotidiano diferenciam seu modo de estar entre as pessoas e as coisas. Dora Locatelli estréia com um livro de poemas intitulado a Raiz do Tambor. Não é propriamente uma estréia, porque tarimbada em concursos com alguns dos poemas aqui reunidos, tendo lastro crítico no currículo, este chancelado por Afrânio Coutinho, mostra que não é uma ingênua, uma artista intuitiva, mas alguém abalizada pela vivência intelectual, sem a perda do entrosamento emocional, para a realização poética. O livro pratica uma religação entre as coisas da terra, a fisis da construção poética da autora, com as coisas inefáveis, o som do tambor que se entranha aos demais objetos que constituem essa outr