Postagens

Mostrando postagens de julho, 2009

Exercício de Tradução

Pompeii By Charles Bernstein The rich men, they know about suffering That comes from natural things, the fate that Rich men say they can’t control, the swell of The tides, the erosion of polar caps And the eruption of a terrible Greed among those who cease to be content With what they lack when faced with wealth they are Too ignorant to understand. Such wealth Is the price of progress. The fishmonger Sees the dread on the faces of the trout And mackerel laid out at the market Stall on quickly melting ice. In Pompeii The lava flowed and buried the people So poems such as this could be born. Pompéia Por Charles Bernstein Os homens ricos, eles sabem sobre o sofrimento. Isso vem de coisas naturais, o destino que os homens ricos dizem que não podem controlar, o aumento das marés, a erosão das calotas polares E a erupção de uma terrível Ganância entre aqueles que ficam descontentes Com aquilo que lhes falta, quando confrontados com a riqueza são Demasiado ignorantes para entender. Essa riq

Duas Versões do Exílio

A Canção da Canção do Exílio No centro da cidade, na Rua Gonçalves Dias, Meus pés traçam o caminho do exílio: Ó pátria, onde estão os seus filhos, Que não em minha companhia? Meu corpo recostado na mangueira, Os olhos percorrendo os classificados. Canção do Exílio Contemporânea Na Rua Gonçalves Dia em pleno sol Segue grave, o homem de paletó, Leva consigo bugigangas da China. Em uma das mãos o DVD pirata; Na outra, a colorida sombrinha. Está de olho no cordão de prata Vendido na banca do ambulante; Que alardeia a pureza constante Da mercadoria apregoada. O sol Intenso faz a roupa ficar empapada. Debaixo da amendoeira da esquina Verifica a algazarra e toda confusão, Assalta-lhe o pensamento:“A Pátria!” Acena ao ônibus, dói-lhe o coração.

Postagem Tardia e Pretensiosa a Respeito de Paraty

Deve estar bem chata a cidade. Por quê? Porque não estou lá. Antonio Lobo Antunes já não sabe pregar uma vírgula direito, confessou que não escreverá mais, é convidado de honra. Por que não eu? Isto porque com otimismo acentuado me considero sucessor da melhor ficção produzida nesse país. Mas os editores talvez não queiram ver o erro que cometeram em rejeitar os milhões de originais, as centenas de apelos, aos acenos patéticos nos encontros fortuitos em determinados lugares da cidade e a minha súplica por uma casa editorial que me abrigue sem que desconte tostão da minha conta bancária. Manuel Bandeira é o padrinho deste ano. Ontem mesmo vi dezenas de pessoas procurando a antologia da L&PM para conhecer melhor o poeta pernambucano. Uns comentavam que seria a primeira vez que topariam com os poemas do mestre, ignorando que em suas antologias escolares figurava sempre um poema como aquele do porquinho da índia tinha sido a sua primeira namorada ou eu faço versos como quem chora e até

Terceira Letra

Tudo Igual Meu coração esmulambado e traído Perdeu o sentido na esquina da razão, Porque isso me ataca aos domingos Quando cismo assistir a televisão. Parece mesmo tudo igual na janela A mesma menina namorando no portão, Isso me dá um baita tédio. Eu bato, grito Alto no meu prédio: - me prendam Eu sou mesmo um animal perigoso Meu lugar é com os loucos, isso pode Crer não é pouco quando se vive assim A vida é mesmo um tédio. Eu estou preso No meu prédio, levando uma vida normal. Por quê o amanhã tem que ser igual?

A Segunda Letra

Homem de Trinta a Sérgio Sampaio Eu estava me acostumando A ser um homem de trinta, Com meu paletó cheirando A saudade, a pó e a tinta Dessa vida muito estranha. Eu quero ser um cara bacana, Não ter a aparência tão triste De todo o fim de semana. A felicidade existe, existe Alguém precisa me apontar Para onde vai esse caminho. A felicidade existe, existe E para desfrutar é preciso Não estar assim sozinho

Elepê

Amigos, estou produzindo um CD com um amigo compositor chamado Marko Andrade. Faço as letras, sugiro uma coisa ou outra sobre os motivos criados para as composições. Segue abaixo dois exemplos de letras de minha autoria : Galera do Amor Amanso a dor elegante Como rapaz galante, Preso à galera do amor: Estou ligado à essa dor Pode ser que adiante, Eu encontre alguém Com muito mais valor. Mas se não acontecer Procure não se assustar, Compensarei meu sofrer Com a música impopular: Talvez fique esta sobra Como diz o samba antigo: "Sofrer vai ser minha última obra". Nesta procuro um diálogo com Dor Elegante de Itamar Assumpção e Leminski.

Paraty: Para ti quem, cara pálida?

O trecho é de autoria de Helena Ortiz, editora e poetisa, que esteve na Festa. Sempre meti o bedelho de que editores não podem mediar mesas e outras coisas que tais. E tinha profunda desconfiança disto, descrito abaixo : "FLIP – A Literatura sitiada Terminou dia 5 de julho mais uma FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty. De fato, uma verdadeira festa para empresários em geral, onde pontificou a Livraria da Vila (SP) com o monopólio das vendas. Verdade que distribui belos programas (um deles tem 130 páginas) informando quem são os autores de quem a maioria do público nunca ouviu falar, razão pela qual ficam mais conhecidos em Paraty do que em seus países de origem. Além disso, graças a um acordo entre A Casa Azul, uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) e a Prefeitura Municipal foram varridas das ruas as esperanças e os livros de autores independentes ou editoras menores que tentassem comercializar seus produtos. Porque o livro passou a ser exata

Sobre a Cidade, Sobre a Cultura

A entrevista concedida por Marcio-André ao site Fórum de Literatura Brasileira é contundente, arrebatadora e entristecedora. Tudo isso a um só tempo. Quando proclama que existe um processo de exclusão de determinadas áreas da cidade em detrimento de outra, denunciando uma ideologia vazia que se instala de que parte da Zona Oeste e toda a Zona Norte não passam de bairros – dormitórios sem nenhuma chance de interferir na construção da imagem da cidade surpreende: “E qualquer um que proponha uma outra cidade, uma cidade sonhada de dentro para fora, uma cidade que se queira outra coisa que não a pseudo-Paris de botequins-butiques do Leblon, será tachado de provinciano.” E não é menor a surpresa quando demonstra que há capitanias hereditárias no setor cultural desse país, acentuadamente nas capitais como o Rio de Janeiro: “Eles são completamente incompetentes para pensar a cidade, uma vez que o seu papel de intelectual é um embuste atribuído hereditariamente de geração em geração, através d

Opiniões Crítica Sobre Cosmorama:

Logo abaixo segue opiniões de leitores de calibre da minha cartilha de poesia Cosmorama. Fico feliz por ter acertado em alguns poemas - o livro contém 26 - e que minha insegurança derive sempre de uma suspeita de que posso oferecer o melhor. Este livro - que não encontrou editora - segue em uma edição grampeada, marginal para Paraty no sábado. Hoje, somente no trabalho, vendi uns sete exemplares para interessados em assunto de poesia. Em Paraty espero ter mais sorte e conseguir vender boa parte dos 80 livros que levarei. Aquele que se interessar em comprar, pode me escrever para o e-mail: marielreis@ig.com.br . O livro custa R$ 5,00 + frete para o destino, tem 40 páginas e projeto gráfico de Delfin - o que equivale dizer que está luxuoso para uma confecção como esta - dois grampos - apontada. Abraço a todos os que me prestigiaram comprando um pequeno exemplar da cartilha. Ah, esqueci de dizer uma coisa, o prefácio é de Leonardo Fróes. "Embora deteste ler poesia na tela do co

Paraty: Gripe Suína e Festa

Talvez eu desista mesmo da idéia de ir a FLIP. O motivo é a presença de estrangeiros na cidade – não é xenofobia, não. É o medo da gripe suína. Como não estou na cidade não sei qual esquema que os organizadores e próprio Ministério da Saúde arranjaram para possíveis casos de contaminação. Como disse um amigo que está na cidade, só se o Ministro Temporão disponibilizasse um filtro de ar potente para cada pessoa. Então, vendo como anda precária a situação da saúde no país, percebi que isso não aconteceria nem daqui a mil anos. Outra coisa é se hospedar em um lugar com 6 beliches, pessoas oriundas de lugares que nem suspeito, que poderão ter tido contato com algum contaminado potencial, estando no período de incubação da doença, disseminando o vírus sem se dar conta. Sou mesmo hipocondríaco. Estas coisas passam pela minha cabeça enquanto me decido se vou ou não a cidade. Afinal, segundo a OMS, apenas estarei adiando minha contaminação já todos seremos vítimas do maldito influenza. Prefiro

Paraty : Caro e Lotado.

Minha intenção era lançar em Paraty meu livro de poemas: Cosmorama. Como salientei, era. Não que minha desistência seja irremediável, mas se eu encontrar uma boa alma que me abrigue durante as duas noites que passar na cidade será uma vantagem e uma alegria. Enquanto isso não sair do campo da especulação, talvez meu plano fique frustrado por conta da superlotação e dos preços cobrados pelas pousadas e hospedarias. A Festa Literária Internacional de Paraty goza de prestígio. Isso é inegável. Para lá todos os olhares se voltam quando anunciam o organizador e os nomes que participarão das mesas, os ingressos para as tendas vendidos a preço de ouro se esgotam instantaneamente e as reservas – como pude constatar – quando termina o evento do ano anterior, já são feitas com antecipação, pagos os cinqüenta por cento para isto. Desta forma, se tornou um negócio rentável para todos. Como participei de algumas edições da FLIP, posso asseverar que ainda era acessível a cidade para o desavisado qu