Biblioteca Tobias Barreto de Meneses precisa de ajuda

Quando querem ajudar crianças abandonadas, cria-se um zero oitocentos; quando se quer zelar pela proteção de animais abandonados no perímetro urbano, estão lá militando ecologistas; quando se está insatisfeito com políticos corruptos, espicaçados pelo partido de oposição, os estudantes colocam suas forças para derrubá-lo, depô-lo e ganhar as páginas de jornais; quando se quer livrar da violência bairrinhos chiques de qualquer localidade do país, a associação de moradores se une, envia aos jornais protestos, com assinaturas de famosos constando em cada linha; quando se quer preservar a casa de um artista, importante para a consolidação da cultura, pertencente à classe média, atrizes e atores entram em campanha radio-televisiva para sensibilizar as autoridades competentes; quando se acredita oportuno tombar patrimônios como ruas, viadutos, becos e bares, intelectuais se unem para dizer que um dia tomaram ali o seu chope ou toparam com beltrano ou fulano ou daquele lugar se atirou cicrano em defesa disso ou daquilo e as entidades responsáveis se mobilizam para ver o que pode ser feito.

Tudo isso acontece quando a sociedade julga que está preservando um espaço onde sua memória está em jogo.

Mas quando a Biblioteca Tobias Barreto de Menezes, idealizada pelo pedreiro Evando dos Santos, com desenho de Oscar Niemeyer cedido para construção do prédio, que assiste à dezenas de jovens do complexo da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro, precisa dessa ajuda, parece que a sociedade não a vê, porque nem os intelectuais, nem os colunistas, nem as autoridades competentes se atentem para sua situação depois da morte da mãe do seu mantenedor, Evando dos Santos. E assim permitem que o sonho de um homem termine ou encontre as vias para que de fato desapareça.

Para refrescar a cuca dos leitores, o complexo da Penha, além de conter o cartão mais famoso do bairro a Igreja da Penha, cantada em prosa e verso “Para mostrar a minha fé/vou subir a Penha a pé”, tem em suas adjacências a presença da favela onde o jornalista Tim Lopes foi morto. A biblioteca atende aos jovens que buscam sua única alternativa, porque o poder público pouco atua na região. O jogador Adriano que sempre se refugia para aqueles lados, onde se criou, tornando-se um atleta, se conhece o lugar e topar com a minha postagem e quiser fazer alguma coisa, ele sabe que muitos ficarão agradecidos. Não vou ficar aqui enrolando sobre o índice de violência, o tal IDH baixo, porque a região freqüenta os noticiários pelo seu pior lado.

Minha intenção é arrecadar a atenção dos leitores para esse sério problema que é uma biblioteca está morrendo na Zona Norte do Rio de Janeiro, uma biblioteca, vocês sabem o que isso significa? Sabem porque cada jovem que entra por aquela porta, deixa do lado de fora o cotidiano de miséria e violência e constrói um caminho para sua fuga. A biblioteca, idealizada por Evando dos Santos, esse herói anônimo, o Robin Hood dos livros, não pode terminar dessa forma.

Eu fiz a minha parte, a minha doação. Agora, como nunca o diz, peço que você, querido leitor, faça a sua. Abaixo o serviço dado pela coluna caderno Zona Norte do Globo:
16h38m
A Biblioteca Comunitária Tobias Barreto de Meneses, na Vila da Penha, criada pelo ex-pedreiro Evando dos Santos, está passando por problemas financeiros desde a morte da mãe de Evando, mês passado, que pagava as despesas de água, luz e telefone. As contas custam cerca de R$250 por mês.A trajetória de Evando com os livros começou, em julho de 1998, quando encontrou uma caixa com 50 livros numa loja de peças. A partir daí, montou uma biblioteca em sua própria casa. Graças ao seu empenho, conseguiu no ano passado inaugurar uma biblioteca num prédio criado a partir de um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer. A obra, de acordo com o ex-pedreiro, custou R$651 mil financiados pelo BNDES e foi executada num terreno doado pela mãe de Evando. Hoje, duas salas e um auditório com 60 cadeiras são pouco aproveitados.

Quem quiser contribuir, pode fazer doações para a conta da biblioteca no Itaú: Agência 0782 (Largo do Bicão), C/C: 78892-1

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